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Por que incentivar a educação anti machista?

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9 de março de 2023Capa

“Se comporte como mocinha”, “Não saia durante a noite, é perigoso”, “Limpe a casa”, “Você tá muito irritada. Tá de TPM?”. Se você é mulher, em algum momento já ouviu alguma destas frases. Mas você sabia que elas são o resultado direto daquilo que conhecemos como machismo.

De acordo com a Politize!, ser machista significa acreditar que homens e mulheres têm “papéis distintos na sociedade, que a mulher não pode ou não deve se portar e ter os mesmo direitos de um homem ou que julga a mulher como inferior ao homem em aspectos físicos, intelectuais e sociais”.

 

Por que combater o machismo

 

Imagine uma mulher que trabalha oito horas por dia. Ao chegar do trabalho, exausta, ela ainda precisa cuidar dos filhos e fazer os serviços da casa. Enquanto isso, o marido está no futebol com os amigos, bebendo uma cervejinha. Já passou ou conhece alguém que passou por isso? Pois é, essa divisão desigual de tarefas também é uma consequência do machismo, que atribui às mulheres o dever de cuidar da casa e dos filhos, enquanto o companheiro pode aproveitar de um tempo livre para espairecer.

E se engana quem pensa que é uma situação que ocorre apenas na vida adulta. O Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil concluiu que aproximadamente 84 mil crianças entre 5 e 17 anos realizam trabalhos domésticos no Brasil, 85,2% delas sendo meninas e 70,8% negras. Ou seja, desde pequenas, elas são encarregadas dos afazeres domésticos, enquanto os meninos podem passar mais tempo brincando. Até mesmo os brinquedos considerados “de menina” refletem essa realidade: um bebê para ser cuidado, um fogãozinho para cozinhar, uma boneca para vestir e maquiar. Um vislumbre da vida adulta.

Além disso, o machismo não resulta apenas na sobrecarga de trabalho e condições desiguais entre homens e mulheres, como também pode levar à morte. Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) aponta que uma mulher é assassinada por um homem no Brasil a cada 90 minutos. Isso significa ocupar a quinta posição no ranking de países que mais matam mulheres no mundo. Além disso, o Dossiê da Mulher, de 2016 a 2020, estima que 59% dessas mulheres são mortas pelo atual ou ex-companheiro, dentro de suas próprias casas.

 

Os homens também são afetados

 

Acredite se quiser, mas é verdade. Os homens também sofrem com o machismo. Mirian Béccheri Cortez, psicóloga judiciária no Tribunal de Justiça de São Paulo, que estudou o tema, cita alguns exemplos, como o entendimento de comportamentos de risco como forma de masculinidade e negação dos próprios sentimentos.

No caso do primeiro exemplo, um comportamento de risco seria confundir o conceito de “virilidade” com “violência”, incentivando ou reproduzindo atos violentos com a família e futuros parceiros. Já o segundo exemplo está muito ligado à famosa frase “homem não chora”. Ou seja, há o entendimento errôneo de que um homem que expressa suas emoções e fraquezas não seria um “homem de verdade”.

O documentário estadunidense A máscara em que você vive aponta que menos de 50% dos garotos e homens com desafios relacionados à saúde mental buscam ajuda. A negligência não ocorre apenas com questões psicológicas, mas também quando se trata do exame para identificar o câncer de próstata, doença que é a segunda maior causa de morte entre homens adultos.

 

Onde se encaixa a educação anti machista?

 

Quando se entende que o machismo prejudica tanto os homens quanto as mulheres e que se trata de um problema estrutural da sociedade, começamos a buscar por soluções. A principal delas seria a utilização de uma educação anti machista, tanto nos ambientes escolares quanto no ambiente familiar.

Ensinar as novas gerações que as mulheres devem ter autonomia e liberdade de viver sem sentir medo ao mesmo tempo em que se educa meninos para expressarem livremente seus sentimentos e respeitarem o feminino. Assim, desde a infância, será possível criar uma sociedade mais igualitária e segura, matando os preconceitos que causam mortes todos os dias.

 

#PassosIndica

 

Se você curte aquela leitura, indicamos o livro O feminismo é para todos, da escritora Bell Hooks. Outras opções de leitura também são os livros Para educar crianças feministas e Sejam todos feministas de Chimamanda Ngozi Adichie.

Só quer curtir uma Netflix? Sem problema, nós também temos uma dica para você! O documentário A máscara em que você vive está disponível na plataforma e é uma ótima forma de se inteirar do assunto.

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